Este livro narra passagens da vida de trabalhadores (agentes sanitaristas) que se doaram, arriscaram perder saúde, amores, famílias e vidas, com um único objetivo: salvar a vida do outro. Como os mesmos disseram, eram como soldados em guerra, sendo que suas armas eram uma bomba de veneno, a humildade e a coragem.
O desejo de contar a história do controle das endemias no estado do Ceará, sob a ótica dos atores principais, os agentes sanitaristas, surgiu a partir de uma observação em um nível inferior a este, quando eu estudava a relação veneno x efeitos no mosquito Aedes aegypti. Ao conhecer o resultado devastador, que o veneno causava no organismo dessa espécie, passei a fazer vários questionamentos: “Que outras espécies são atingidas durante esse processo? Em quais condições se encontra o homem responsável pela eliminação dos vetores após a exposição a agentes tão tóxicos? Como eram as condições de trabalho, e que outros fatores, além dos venenos, podiam interferir no bem-estar dos trabalhadores responsáveis pelo controle vetorial?”
A motivação aumentou, ao ser detectado algumas alterações na saúde daqueles trabalhadores, através de um descritivo exploratório, que fora realizado anteriormente. Assim, percebi que seriam os próprios agentes sanitaristas, atores desta história, que melhor responderiam a todos esses questionamentos.
Este trabalho, portanto, foi concebido com o objetivo de conhecer, e permitir que outros também conhecessem, como era feito o combate às endemias no estado do Ceará, desde a “era da peste” até um passado recente, sob o olhar operacional e moral.

 

Estelita Pereira Lima